Embarcar em uma viagem de trem parece remeter ao passado, quando o Brasil fazia transporte de passageiros por trilhos em vagões confortáveis e convidativos para apreciar a paisagem. Hoje em dia há passeios de trem turísticos pelo país, mas que não vão muito longe. Se você gosta de viajar sobre trilhos, conheça oito dos melhores passeios de trem pelo mundo listados pela Sociedade dos Viajantes Ferroviários Internacionais. São roteiros com experiência única e paisagens de tirar o fôlego. É uma viagem a se fazer ao menos uma vez na vida. Confira:
1. Inverno branco pela Rússia
A bordo do trem Golden Eagle, o passeio do Expresso Transiberiano “Winter Wonderland” é destinado a quem aprecia o inverno e deseja vivenciar experiências de moradores locais a baixas temperaturas. Em 2016 a ferrovia transiberiana completa um século de existência. A jornada de 15 dias em primeira-classe parte da cidade de Vladivostok, mais ao leste da Rússia e atravessa o país até chegar em Moscou percorrendo sete fusos horários. O passeio inclui ida ao lago mais profundo de água doce no mundo, o Baikal. Por estar congelado, você pode passear sobre ele com o snowmobile, o trenó motorizado ou o tradicional guiado por cães. Também é possível praticar a pesca sob o gelo, em que o pescado é defumado e servido com vodka gelada.
A viagem faz uma rápida visita à capital da Mongólia, Ulann Baatar, com direito a visita ao Museu Nacional e almoço na culinária local, bem como à capital da República de Buryat, Ulan Ude, um espaço autônomo dentro da Rússia. Lá você conhece mais da cultura mongol e assiste a apresentações musicais e de dança tradicionais.
Da sauna russa (Bayna) em uma autêntica casa de madeira em Irkutsk à histórica cidade de Vladimir, construída em 990 e eleita Patrimônio Mundial pela Unesco, o passeio ainda segue para Suzdal, considerada a capital da região dos Urais. Lá há apresentação do coral de monges e o passeio de trenó puxado por cavalos ao longo do cenário de inverno. A viagem termina em Moscou, onde é impossível deixar de conhecer a Praça Vermelha e a catedral ortodoxa de São Basílico, onde fica o túmulo de Lenin, líder da Revolução Russa de 1917.
Quando ir: de maio a junho e de agosto a setembro.
Preço: a partir de US$ 15.895 por pessoa em cabine dupla.
2. Mar Cáspio
O mesmo Golden Eagle também faz a rota que começa em Yeravan, na Armênia, uma cidade antiga ocupada nos anos 6000 A.C. e segue para a Georgia. Depois de passar por Tibilisi e Telavi, a parada seguinte é em Gori, cidade natal do líder soviético Joseph Stalin, com museu sobre sua vida. De lá vale a pena conhecer Uplistsikhe , uma cidade-caverna, toda de pedra, com longos corredores e o que dizem ser o teatro mais antigo do país. Falando em antiguidade, Mtskheta, que era a capital da Georgia, é considerada Patrimônio Mundial pela Unesco, e Icheri-Shekher – chamada de Cidade Velha – é a ultima parada antes de atravessar o Mar Cáspio.
O trem vai antes e os passageiros vão em uma balsa com destino ao Turcomenistão. Da moderna capital de Ashgabat, com calçadas em mármore, cúpulas douradas e fontes na região entre o deserto de Kara Kum e montanhas, é hora de conhecer os bazares, mesquitas e minaretes da cidade de Khiva, no Uzbequistão. Khiva era um dos principais pontos de comércio da antiga Rota da Seda, marcando o cruzamento das rotas entre Mongólia, Rússia, China e Pérsia. Depois de conhecer o Palácio da Lua e das Estrelas em Bukhara e o estilo soviético da capital Tashkent, a última parada é em Almaty, no Cazaquistão, onde fica a catedral ortodoxa de Zenkhov, do século 19 e feita toda em madeira.
Quando ir: somente em novembro.
Preço: a partir de US$ 21.495 por pessoa em cabine dupla.
3. Segunda Guerra
A empresa Golden Eagle Luxury Trains comemora os seus 50 anos de atividades com o novo trem Golden Eagle Danube Express, lançado em 2015 com todo o requinte que uma viagem dessas merece: com a presença do príncipe Michael of Kent, o 43º na linha sucessória da família real britânica. No roteiro Tesouros do Leste Europeu, você terá dois dias para apreciar Veneza, a cidade mais romântica da Itália, seja no tradicional passeio de gôndola pelo canal ou mesmo se aventurando pela movimentada Praça São Marcos. A parada seguinte é Praga, capital da República Tcheca, com visita ao Castelo de Praga e à Praça da Cidade Velha. Depois de passar por Zittau, no sudeste alemão, o passeio segue para Berlim. O destaque são pontos que marcaram a Segunda Guerra Mundial, como o Muro de Berlim e o portão de Brandemburgo, o museu Haus – que mostra como os alemães do leste faziam para atravessar para o lado oeste da capital. Já em Gdynia e Gdansk, na Polônia, você conhece um pouco mais sobre as mudanças políticas na região, do início da Segunda Guerra ao colapso do comunismo e da União Soviética.
Em Kaliningrad, capital da antiga Prússia Oriental, é possível ver resquícios das construções que um dia pertenceram à Alemanha, bombardeadas durante a guerra. Após o conflito e a nova configuração da fronteira europeia, o território foi integrado à Rússia. De volta à Polônia, depois de Malbork o trem segue para Cracóvia, hoje uma cidade universitária bem agitada, mas que sedia a Main Market Square, tida como o pedaço mais medieval europeu. Ali perto fica o Gueto Judaico, onde ficava a fábrica de esmalte de Oskar Schindler, que salvou trabalhadores judeus durante o Holocausto. Hoje o local é um museu interativo. Em Cracóvia você pode escolher conhecer Auschwitz-Birkenau, onde ficava o maior campo de concentração nazista, ou as minas de sal de Wieliczka, com esculturas e uma igreja completa feita por mineiros e artistas ao longo de anos. Da arquitetura na Eslováquia ao concerto privado na Casa de Mozart, na Áustria, a jornada segue para o destino final, em Budapeste.
Quando ir: julho e agosto.
Preço: a partir de US$ 11,5 mil por pessoa em cabine dupla.
4. Memória ao Expresso do Oriente
Somente uma vez por ano o Venice-Simplon-Orient-Express faz a sua viagem de seis dias de Paris a Istambul rememorando o trajeto mais famoso do original Expresso do Oriente. Percorrendo sete países, a experiência oferece o melhor quando se trata de turismo de luxo, desde o serviço a bordo às excursões. A primeira parada da jornada é na capital da Hungria, Budapeste, onde pode-se fazer uma excursão pela cidade margeada pelo rio Danúbio.
Já em Sinaia, próximo a Bucareste, capital da Romênia, a visita ao castelo Peles – um dos mais belos do mundo – é a mesma parada feita pelos passageiros do primeiro Expresso do Orientem, em 1883. A viagem encerra na chegada a Istambul com vista para o mar de Mármara, que separa o mar Negro do mar Egeu através do estreito de Bósforo.
Quando ir: este roteiro é feito uma vez por ano, somente em agosto.
Preço: a partir de US$ 9,6 mil por pessoa em cabine dupla (as cabines são compradas com um ano de antecedência por conta da alta procura).
5. Luxo em trilhos sul-africanos
O Rovos Rails Pride of Africa tem janelas abertas para quem adora explorar diversos ângulos da fotografia ou apreciar a paisagem ao vivo e a cores. Para começar, logo que embarca você pode se despedir da Cidade do Cabo, na África do Sul, pelo deck a céu aberto, de onde também se pode ver a Table Mountain, um dos marcos naturais do local. Em Kimberley você se surpreende ao visitar o Grande Buraco, o maior do mundo feito à mão, resultado dos longos anos de mineração no local em busca de diamantes. A influência da atividade no local é tema do museu na cidade. Já em Pretória a visita se estende ao Capital Park, onde há uma estação de trem em estilo colonial, um deleite para os apreciadores deste tipo de transporte.
Já no Zimbábue, as Cataratas Vitória são a principal atração. Com altura de 108 metros, as quedas d’água ficam no rio Zambeze, na fronteira entre Zâmbia e Zimbábue. Neste mesmo rio pode ser feito um cruzeiro para apreciar o pôr-do-sol. Tanzânia é o último país e o destino final é a cidade de Dar es Salaam.
Quando ir: janeiro a março e de julho a outubro (com opção de roteiro invertido).
Preço: a partir de US$ 11.850 por pessoa em cabine dupla.
6. Preciosidades indianas
O roteiro Esplendor Indiano feito a bordo do Maharaja’s Express tem oito noites e liga Delhi a Mumbai. A primeira parada do trem de luxo é em Agra, onde fica um Patrimôni Mundial da Unesco, o Taj Mahal, a inconfundível construção em mármore. Ali perto fica Fathepur Sikri, uma cidade em estilo indo-islâmico de mais de 500 anos e atualmente abandonada, mas ainda preservada.
Você ainda pode fazer um safári no Parque Nacional de Ranthambore, onde também é possível fazer observação de pássaros. De lá o trem segue para a Cidade Rosa de Jaipur, a capital do Rajastão, com arquitetura exuberante e ambiente colorido e agitado. Sinta-se parte da realeza e participe de uma partida de polo com elefantes. Adiante vem a cidade medieval e desértica de Bikaner, antigo ponto de comércio de caravanas que cruzavam o deserto. Não é à toa que Bikaner tenha o apelido de “terra dos camelos”. E não se impressione indo ao templo de Karni Mata, onde ratos são adorados. Na área rural do Rajastão é feito um cortejo de camelos devidamente adornados para um coquetel de pôr-do-sol nas dunas do deserto.
Depois da Cidade Rosa de Jaipur é a vez de conhecer Jodhpur, a Cidade Azul, principal cor das casas na região, e fazer compras no mercado da Torre do Relógio Velho. Já nos destinos finais, visite a Veneza do Oriente, como é conhecida Udaipur, com palácios em mármore branco, lagos e áreas verdes. Balasinor recebe turistas para o Parque de Fósseis de Dinossauros, considerado um dos maiores do mundo. E, por fim, um passeio pela cidade de Mumbai, a cidade mais populosa e importante da Índia.
Quando ir: de janeiro a abril e de novembro a dezembro.
Preço: a partir de US$ 5.980 por pessoa em cabine dupla.
7. Montanhas canadenses
O Grande Circuito Ferroviário feito pela Rocky Montaineer é feito com o requinte da primeira-classe tendo como cenário a natureza do Canadá. Partindo de Vancouver, o principal atrativo do passeio talvez não seja somente as paradas dele, mas a paisagem. A começar pela Lions Gate Bridge, a ponte pênsil que liga dois distritos a 111 metros de altura. A ponte suspensa de Capilano foi construída em 1889 para quem não teme estar a 70 metros do chão. Se você é corajoso, aproveite para ir à Grouse Montain, o Pico de Vancouver, de onde há passeio na gôndola Skyride.
Uma atração similar, mas não tão alta, é o Hell’s Gate, ao longo do rio Fraser. Depois de passar pelos túneis espirais, o passeio segue para a cidade turística de Banff. Os destaques estão para as quedas d’água Bow, o passeio de gôndola, o lago Minnewanka, a “Esquina Surpresa” – parada obrigatória para fotos com vista para montanhas e o hotel Fairmont – e os Hoodoos, formações rochosas sedimentadas.
Chegando às regiões mais frias, paisagens de tirar o fôlego fazem parte dos campos de gelo de Parkway e Columbia, onde neste último pode ser feito o passeio no Ice Explorer, um carro apropriado que leva turistas para conhecerem mais de perto sobre as geleiras. Em Quesnel fica o monte Robson, pico mais alto das montanhas rochosas, além da passagem dos lagos Yellowhead e Moose e do rio Fraser. No retorno de Whistler para Vancouver, a paisagem da ferrovia com vista para o mar encerra a jornada.
Quando ir: de abril a outubro.
Preço: a partir de US$ 5.813 por pessoa em cabine dupla.
8. Belezas naturais pela Austrália
O passeio no Indian Pacific começa em Sidney, com parada em Adelaide, seguindo em direção a Perth e vice-versa, percorrendo o sul do país. Há passeios turísticos em Perth, como um cruzeiro pelo rio Swan até Fremantle. De Perth você vai de avião para Darwin, no noroeste do país, onde visita o Parque Nacional de Kakadu, patrimônio mundial pela Unesco. A região apresenta a cultura aborígene através de pinturas e informações sobre mitologia e história. No Litchfield National Park, em Darwin, visite as Cataratas Florence e Wangi, com queda de cerca de 12 e 48 metros respectivamente, convidativas para um banho acerca delas.
A viagem então segue a bordo de outro trem, o Ghan. Aprecie o charco Mutitjulu em uma visita guiada, bem como as lendas e pinturas rupestres em Uluru, conhecida também como Ayres Rock. Com 318 metros de altura e cerca de oito quilômetros de circunferência, a grande pedra adquire diferentes tonalidades conforme a sua iluminação. Possui fendas, cisternas e cavernas rochosas, sendo considerada sagrada ao aborígenes. Outra atração dentro do Parque Uluru-Kata Tijuta, são as 36 abóbadas distribuídas em uma área de 20 quilômetros, chamadas de Kata Tijuta ou The Olgas. Acredita-se que estas formações rochosas tenham cerca de 500 milhões de anos.
Os paredões alaranjados do Kings Canyon são outra grande atração natural que a Austrália oferece. A graça está em subir até a borda do cânion para ver o sol nascer ou se pôr. Na descida está o Jardim do Éden, uma piscina natural cercada por vegetação. Por ali também ficam formações rochosas que remetem à Cidade Perdida.
Quando ir: de abril a novembro.
Preço: a partir de AUD 9.685 (dólares australianos) por pessoa em cabine dupla.
Imagem: Jusben/ morgueFile; Golden Eagle Luxury Trains; Belmond; Rovos; Maharajas’Express; Rocky Mountaineer; Great Southern Rail
Fonte: IRTSociety