Por que viajar de avião é muito mais seguro do que você imagina

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Apesar de uma série de incidentes que fizeram manchetes de jornais de todo o mundo – da tragédia do AirAsia 8501 ao desaparecimento da aeronave da Malasia Arilines – a segurança aeroviária está melhorando. De acordo com a International Air Transport Association (Associação Internacional de Transporte Aéreo, ou IATA), no ano passado, apenas 1 em cada 3,1 milhões de voos globais resultou em um acidente – diminuição de 30% em comparação a 2014.

“Vemos uma melhoria contínua no desempenho da segurança ao longo do tempo”, diz Rudy Quevedo, diretor de segurança da IATA. As mudanças significativas no projeto do avião – do design à tecnologia – desde os anos 70 e 80, assim como a rigidez dos regulamentos e das normas, estão alimentando o declínio no número de acidentes – ainda bem! Abaixo, falamos sobre alguns dos grandes avanços que ajudaram a tornar o avião um dos mais seguros meios de transporte.

Além de lançar sistemas de entretenimento de graça em voos longos e aumentar o número de assentos-conforto nas classes econômicas, as companhias aéreas vêm dando grandes passos para melhorar sua tecnologia e seus equipamentos. Para, ao longo do tempo, estar continuamente melhorando a segurança, os fabricantes se dedicam a “estudar os acidentes e, assim, aprender com o que deu errado”, explica o analista Henry Harteveldt, do Grupo de Pesquisas da Atmosfera.

Hoje em dia, a construção dos aviões é bem mais pensada, com motores bem mais sofisticados – o que significa mais confiabilidade e menos falhas. As aeronaves têm vários sistemas de back up, ou seja, há dois ou três sistemas integrados para controlar o motor. Se algo um apresenta qualquer probleminha, os outros dão conta do recado.

Claro que erros humanos podem ocorrer – negligenciar a lista de preparativos antes da decolagem ou não calibrar corretamente algum dos equipamentos, por exemplo. Mas, para isso, a automação compensa, segundo Harteveldt. “Logo que são construídos, os protótipos dos aviões são testados até quase se destruição”, explica. “Os engenheiros viajam para bem longe, só para aumentar a margem de segurança”. Só depois disso é que estão habilitados a operar.

Apesar de os avanços tecnológicos diminuírem o número de acidentes, 42% da população brasileira tem medo de andar de avião, segundo pesquisa do Ibope. Na verdade, porém, o que acontece é uma “confluência de medos”, diz o psicólogo clínico americano Martin Seif. Essas pessoas são influenciadas pela cobertura aterrorizante dos acidentes aéreos nos noticiários, pois imaginam-se naquela situação e se traumatizam por antecipação.

Seif explica que, se há 30 pessoas num voo, cada uma pode sofrer de uma condição diferente: a fobia de altura, por exemplo, ou até mesmo a ansiedade. “A gente procura onde pendurar nosso medo”, afirma. Mas saiba: estatisticamente, é mais seguro voar do que andar de carro. O problema é, na hora de embarcar, conseguir ignorar um evento improvável e raro como o caso da Malasia Airlines.

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São esses casos que desencadeiam a ansiedade, de acordo com o ex-piloto Tom Bunn, hoje um terapeuta que ajuda as pessoas a superarem o medo de voar. A indústria, segundo ele, tem trabalhado muito para mitigar o número de acidentes. “Os engenheiros lideram equipes para pensar em tudo, absolutamente tudo, o que pode dar errado. Depois de listar todos os riscos, eles montam outra equipe para desenvolver maneiras de pousar com segurança em qualquer tipo de solo”, relata.

Também para reforçar a segurança dos voos, há leis que obrigam os pilotos a descansar. No Brasil, eles podem ficar no máximo 6 dias fora da “base” e, diariamente, trabalhar no máximo 12 horas, seguidas por outras 12 de repouso. Nos Estados Unidos, as regras exigem que os pilotos estejam descansando por, no mínimo, 10 horas antes de decolar. Além disso, não podem voar mais de 9 horas consecutivas. Tudo isso para evitar os incidentes relacionados à fadiga de quem comanda a aeronave.

Outra questão é que o piloto nunca está sozinho. Quanto mais cabeças pensantes, menos chance de “barbeiragem”. Os treinamentos dos pilotos também se intensificaram nos últimos anos e os simuladores tornaram-se mais realistas, segundo Harteveldt.

“Com o rápido crescimento da indústria, você está vendo um grande fluxo de novas tecnologias”, diz Quevedo. Uma variedade de componentes, incluindo sistemas de controle por satélite de tecnologia de posicionamento global e de tráfego aéreo, também tem reforçado a segurança de voo. A tecnologia de posicionamento, por exemplo, permite aos pilotos que identifiquem facilmente suas rotas e evitem o mau tempo. Isso também aumenta a eficiência e a segurança.

Harteveldt assinala que, além dos investimentos em sistemas de navegação, tem havido uma crescente atenção ao controle de tráfego aéreo, que tem desempenhado um papel fundamental para estimular a segurança. Graças a aeroportos que investem em sistemas de navegação de solo para melhorar suas infraestruturas, pilotos e controladores de tráfego aéreo têm mais conhecimento sobre outros aviões e podem evitar acidentes enquanto a aeronave está no chão.

O foco na gestão de segurança tem provocado mais consciência no setor aéreo, segundo o diretor da IATA. A colaboração entre a indústria e a associação garantem que as normas em vigor são as mais adequadas possível. A IATA, por exemplo, desenvolve e executa auditorias padronizadas para aumentar a segurança.

Além dessas medidas, as companhias aéreas têm canalizado mais verba à manutenção de aeronaves. “Mesmo que estejam sempre procurando economizar, manutenção é área sagrada”, diz Harteveldt.  Outras mudanças, como oferecer aos comissários mais tempo de descanso e, aos pilotos, uma forma de visualizar dados importantes (a velocidade do ar, por exemplo) sem que precisem desviar o olhar do para-brisas, também ajudam a diminuir riscos e evitar acidentes.


Imagens: VisualHunt
Fonte: USNews

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