Se antes o “sim” do Senado segurava os investidores a darem um voto de confiança ao Brasil, agora a prova final é a linha de trabalho na área econômica. Hoje, a expectativa do mercado é ouvir do novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que forma o governo vai tentar tirar o país da crise. Com isso, podemos esperar uma variação do dólar conforme o que for anunciado.
O mercado ainda nem estava aberto ontem, quando o Senado aprovou a admissibilidade do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Embora fosse determinante, já era esperado pelo mercado. É por isso que o dólar não teve redução. Pelo contrário, fechou em alta de 0,79%, a R$ 3, 47.
Além disso, o Banco Central fez uma nova intervenção para segurar essa variação e manter a moeda americana na casa dos R$ 3,50, com leilões de compra. O banco precisa manter o dólar nessa média para não afetar as exportações e, com isso, as contas externas.
Especialistas não esperam mais uma variação tão grande do dólar nas próximas semanas, mas reconhecem que ainda há espaço para uma baixa se as notícias de Brasília forem positivas. Espera-se até uma reação hoje ao discurso feito pelo presidente interino Michel Temer, empossado quando o mercado já estava fechado.
Ação
Depois que o ministro da Fazenda se pronunciar, a atenção será para quem vai ficar à frente do Banco Central. A especulação é que que o atual presidente, Alexandre Tombini, continue no cargo.
No entanto, mais do que falar, é hora de agir. O otimismo do mercado, vai se prolongar por mais alguns dias, até ver as primeiras ações do novo governo. Aliás, o que o mercado espera dele no cenário econômico?
– desvincular gastos da União com a saúde e educação;
– planos para concessões e privatizações através de Parcerias Público Privadas (PPPs);
– isolamento do Banco Central;
– medidas para buscar o equilíbrio fiscal;
– controle da inflação.
Durante o período em que Dilma esteve no comando, entre janeiro de 2011 e a última quarta-feira, a moeda americana simplesmente dobrou de preço. Ela subiu 107%, segundo o sistema Economática.
Mesmo com Dilma afastada e um novo grupo assumindo o governo, a agência de classificação de risco Moody’s informou, ontem, que o impeachment não tira o país da crise.Em outras palavras, ela avisou que o Brasil ainda pode sofrer novo rebaixamento.
Essa classificação é como se fosse o título de bom pagador para atrair investidores estrangeiros. O país já perdeu algumas posições recentemente.
Hoje, estes investidores estrangeiros são atraídos ao Brasil apenas por causa dos juros altos, que dão bom rendimento. Mas isso elimina a chance de investimentos concretos em serviços no país, de longo prazo, que ajudem na economia interna.
A expectativa, para atrair essa confiança ,é de que o governo anuncie novas medidas, mas esperando a reação do mercado. Sendo positiva, segue adiante. É uma forma de evitar surpresas e causar grande oscilação, como o que já ocorreu com o dólar.
Depois do afastamento
Depois da troca de comando da presidência e dos ministros, segue o processo de impeachment. O caso volta para a Comissão Especial, onde serão coletadas provas e depoimentos para tentar provar que a presidente deve deixar o cargo definitivamente. Enquanto isso, Dilma vai ter um prazo para apresentar a defesa. Então a questão passa novamente por votação no Senado.
Se a denúncia for aceita, passa-se para o julgamento e a votação final. Este processo pode ultrapassar os 180 dias, que é o período que Dilma estará afastada, mas seria o suficiente para concluir todas as etapas. Se aprovado o impeachment, ela perde o cargo e se torna inelegível por 8 anos.
Imagem: Tarso Cabral Violin via Visualhunt / CC BY