Logo que o mercado começou a operar nesta terça-feira, a moeda americana já registrou o impacto da notícia vinda de Brasília. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou oficialmente a indicação do novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que era economista-chefe do banco Itaú.
No mercado externo, o dólar comercial operava estável, o que indica que a variação pela manhã refletiu os novos nomes na equipe do governo. Às 9h19, o dólar caiu para R$ 3,48. Apesar da notícia, a moeda voltou a subir e chegou à máxima de R$ 3,52.
Mas, com o anúncio de dados da inflação da economia americana e possível aumento de juros, a moeda voltou a cair e operava a R$ 3,4950 pouco depois do 12h. Isso indica que, se os juros nos Estados Unidos aumentarem, é mais atrativo e seguro ter os rendimentos de lá do que em economias mais arriscadas, como no Brasil. O Banco Central ainda não anunciou intervenção no mercado hoje para conter uma variação mais forte do dólar.
Segundo Alexandre Tombini, atual presidente do BC, o sucessor tem formação, experiência no setor financeiro e “ampla visão da economia nacional e internacional”. Tombini se manifestou essa manhã, depois da indicação. Goldfjan estava à frente do Itaú, maior banco privado brasileiro, desde 2009. Nele, teve a oportunidade de manter contato com clientes empresariais do país, aproximando-se da realidade econômica na situação pela qual o Brasil passa.
Para assumir o cargo, Goldfajn precisa passar por uma sabatina e aprovação do Senado. Enquanto isso, Tombini continua como presidente do BC.
Também anunciados os nomes para outros cargos das seguintes secretarias do Ministério: Marcelo Caetano, na Previdência da Fazenda; Mansueto Almeida, no Acompanhamento Econômico; e Carlos Hamilton, na Política Econômica.
Além dos nomes indicados, o ministro da Fazenda informou que pretende propor ao governo a autonomia técnica decisória. Ou seja, que o BC não sofra interferências políticas para atuar. A medida será através da Proposta de Emenda Constitucional (PEC).
Hora de colocar em prática
Claro que em tempos de crise, a expectativa recai sobre a área econômica do governo. O que se espera agora é a postura do novo presidente e de sua equipe nos seguintes pontos:
– se o BC vai continuar com intervenções no mercado para manter o dólar na casa dos R$ 3,50;
– o ciclo de corte de juros nos próximos meses pode ser mais acentuado com Goldfjan à frente do BC. Ou seja, os percentuais de redução a cada mês poderão ser maiores;
– conforme for a postura do presidente, as ações de empresas brasileiras poderão ter ganhos diante de novas perspectivas;
Além das ações de Goldfjan, o mercado espera ações do Ministério da Fazendo em relação à reforma da Previdência e propostas de privatização ou as chamadas Parcerias Público Privadas (PPPs). Sobre a previdência, o presidente interino, Michel Temer, disse que quer uma proposta dentro de 30 dias.
A dependência da China, que dá indícios de desaceleração é outro fator que a pasta precisa levar em conta. A China é um grande parceiro comercial do Brasil, especialmente no mercado de commodities, as consideradas matérias-primas.
Especialistas dizem que nenhum outro anúncio de cargo no governo vai causar maior impacto na economia do que medidas práticas. É hora de agir.
Foto via Visual Hunt