Nos últimos meses o dólar tem cambaleado ante qualquer notícia vinda de Brasília. A expectativa sobre o resultado da votação, que pede o afastamento da presidente Dilma Rousseff, levou o dólar comercial à menor cotação no ano: R$ 3,49 (veja aqui a cotação de hoje). Também foi a menor em 8 meses, mas ainda é cedo para dizer como ele poderá se manter. Especialistas afirmam que há risco de a moeda americana voltar aos R$ 4,00 se o governo barrar o impeachment. Depois do parecer da noite de ontem favorável ao pedido, agora a votação segue para o Plenário e o Senado. A decisão final está prevista para maio.
Ontem a Bolsa de Valores de São Paulo operou sensível à possibilidade de ter um direcionamento sobre o futuro político do país. A expectativa era pelo resultado da votação na Comissão Especial de Impeachment. Foram computados 65 votos, dos quais 38 optaram pelo pedido de afastamento. O resultado saiu na noite desta segunda-feira.
Esta foi apenas uma etapa do processo. Enquanto ele avança para novas fases, o mercado segue refletindo qualquer inclinação sobre as decisões em Brasília e também o andamento das investigações da Operação Lava Jato, sobre esquemas de corrupção.
Cotação
Quando o noticiário indica possibilidades de mudanças no governo, é notável o reflexo nas cotações, vide a moeda americana, que tem oscilado entre R$ 3,50 e R$ 3,70. A volatilidade do dólar já foi comentada aqui no blog, mas o mercado tem se mostrado cada vez mais claro sobre o que pode ou não ser melhor no momento. Foi o que mostrou a cotação de ontem, com queda de 3%, a R$ 3,49. O dólar turismo encerrou o dia na casa dos R$ 3,65 (veja aqui a cotação do dólar turismo na sua cidade).
Na previsão de especialistas do mercado de valores, o dólar pode voltar ao patamar dos R$ 4,00 se o governo vencer a votação e conseguir barrar o impeachment. Isso porque, sem mudanças em Brasília, fica difícil ter expectativas sobre o desenvolvimento do país.
Leia mais: qual a diferença entre dólar comercial e dólar turismo?
Próximos passos
A política deve continuar sendo o termômetro para direcionar o potencial de lucratividade de cada mercado na bolsa. Por hora, o cenário tem sido favorável a quem exporta, já que o dólar está em alta, mas a produção interna não anda tão aquecida e o câmbio ainda desfavorece as importações. Ainda há mais capítulos para esta novela, que promete acirrar os ânimos tanto de parlamentares quanto de investidores, impactando a economia.
O tema será lido em plenário e votado até o dia 17 de abril, num domingo. Se aprovado, será encaminhado ao Senado, que criará uma comissão para analisar o caso e então ser votado. A expectativa para essa votação é para o início de maio.
Se o impeachment da presidente for aprovado na Câmara dos Deputados, o Senado terá 180 dias para julgar. Durante este período, Dilma ficaria afastada do cargo e, se aceito o pedido, ela é vetada de reassumir a presidência.
Imagem: Xenia/ MorgueFile