Passo a passo para morar no exterior

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O medo do “tudo ou nada” sempre toma conta da mente quando está para tomar uma decisão que vai mudar sua vida e daqueles que vivem com você. Não é fácil chegar a uma resposta, mas ficar por aqui sonhando como seria se tivesse tomado coragem para enfrentar o novo, também não adianta. Mudar para o exterior leva tempo e, principalmente, planejamento. Ambos serão fundamentais para você ter a certeza de que, ficando ou partindo, fez a escolha certa.

Pelo levantamento atualizado do Ministério das Relações Exteriores, em agosto do ano passado, são mais de 3 milhões de brasileiros vivendo no exterior. O órgão trabalha apenas com estimativa, porque considera um percentual de ilegais, além de vários outros dados, como consultadas feitas a consulados, solicitação de passaportes e documentos e sondagem junto à comunidade. Também leva em conta levantamento feito por outros órgãos e entidades, como a Organização Internacional para as Migrações (IOM).

Viver em outro país

O brasileiro Claudio Junior, de São Paulo, já sonhava em fazer um intercâmbio desde os 18 anos. Dinheiro não foi o problema na época, mas ele decidiu investir em outras prioridades. Durante cerca de 4 anos, ele voltou a pensar no assunto.

A decisão de ir até a saída do país levou 2 anos e 4 meses,

comenta quando escolheu se mudar com a sua noiva para outro país. Esse foi o período de uma série de escolhas e providências que ele precisou tomar, o que pode ajudar você a pensar na sua viagem:

abrir mão: cortar gastos e economizar o máximo possível para ter o dinheiro da viagem. Claudio decidiu vender o apartamento que nem chegou a morar. E ainda diminuiu a saída com os amigos e outras despesas. Nessa hora, toda economia faz a diferença;

definir o país: essa parece ser uma tarefa difícil, mas com muita pesquisa logo vem a resposta. No caso de Claudio, Inglaterra e Austrália também foram suas opções, mas a escolha final foi o Canadá. Na época, a entrada de imigrantes era mais fácil que os demais países, mas pouco antes de ele e a noiva darem entrada nos vistos, o governo canadense mudou algumas regras. Mesmo assim, a estabilidade econômica, câmbio (dólar canadense, que é mais barato que o americano – veja quanto está o dólar hoje) e chances de emprego pesaram muito;

Além de conferir como funciona a entrada de imigrantes, é importante ver quais são os melhores países para brasileiros trabalharem e evitar lugares muito concorridos.

escolher a cidade: uma vez que o Canadá seria o destino certo para a nova fase, a etapa seguinte foi pesquisar qual seria a cidade ideal. “ Vancouver foi a afinação da escolha. A cidade é uma das mais quentes do país, o que iria ajudar na adaptação ao clima mais frio”, explica. Além disso, a expansão do setor de Tecnologia da Informação (TI) foi um dos atrativos para Claudio conseguir um emprego, já que esta é sua área de formação;

criar prazos: Claudio considerou o dinheiro que tinha e quais seriam suas atividades no exterior. Definiu um período mínimo, de 2 anos, para ficar lá fora. Ele não determinou um prazo para se preparar, apenas que pretendia ir o quanto antes;

estudo: quando se fala em intercâmbio, estudar inglês é a primeira opção que vem à mente. Mas se você tiver foco em mudar de área profissional ou se especializar, cursos no exterior sempre pesam mais no currículo. Claudio já fez faculdade de Web Design por lá e atualmente se especializa em Design Gráfico;

idioma: não importa se você terminou seu curso de inglês aqui, é na prática que acaba aprendendo de vez. O sotaque e as expressões locais são os itens que mais dificultam a compreensão de outra língua que você já conhece. Mas nada que com o tempo você não tire de letra;

trabalho e carreira: uma coisa acaba sendo diferente da outra quando parte para o exterior. Claudio tem experiência em TI, mas como todo brasileiro recém-chegado, ficou 9 meses lavando louça em um restaurante. Com o tempo, migrou para as áreas de interesse dele. Hoje atua como web administrador em uma empresa de consultoria em TI;

influência da família e conhecidos: talvez muitos não acreditem que você realmente está disposto a partir para outro país, até ver seus esforços em juntar dinheiro e pesquisar muito. “Mesmo sabendo que iriam sentir saudades, minha família nunca falou que não queria que fosse ou algo assim. Foram mais do tipo ‘se te fizer feliz, vá atrás’ ”;

fazer dar certo: “o primeiro ano como expatriado é um dos mais difíceis de lidar, principalmente tendo que se adaptar com clima, idioma e cultura ao mesmo tempo”, comenta. Passados dois anos vivendo no exterior, o casal pretende ficar por lá e no futuro investir em uma casa própria. Desde que chegaram, tem trabalhado no processo de imigração;

plano B: nem sempre essa experiência pode parecer dar certo e, para isso, você precisa considerar outras opções e mudar de rumo. Tanto voltar ao Brasil, como mudar de cidade ou país. Pelo clima de Vancouver e o fácil acesso a praias e outros locais de lazer, Claudio e a noiva optaram por permanecer na mesma cidade. Para eles, para mudar de país teria que superar a oportunidade que já têm no Canadá;

lidar com a saudade: hoje é bem mais fácil controlar a saudade, com tanta tecnologia à nossa disposição. Claro que nenhum skype consegue superar o calor de um abraço de mãe, pai ou quem quer que seja. Mas ajuda a amenizar essa sensação da distância física.

Trabalho no exterior

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Foto: jaumescar via Visualhunt / CC BY

Nathan Putinatti sempre quis morar fora. Há cerca de dez anos fez um intercâmbio no Canadá, mas preferiu voltar ao Brasil para formar sua própria família. Com formação em comunicação, ele deixou a redação de notícias para atuar como propagandista em um laboratório farmacêutico. Depois de casado e de dois anos no novo cargo, Nathan se interessou pelo processo de expansão da empresa pela América Latina.

A vontade de morar no exterior só aumentava à medida que passou a trabalhar como visitador e gerente distrital. Quatro anos depois nesse posto, Nathan se inscreveu no processo seletivo para o Peru. Neste não deu certo, mas a segunda tentativa, a Bolívia, virou seu novo endereço.

A decisão não foi por questões econômicas, mas pela oportunidade de crescimento profissional e, claro, a experiência de viver em outra cultura.

Mudar de país, outra cultura, outra vida, costumes e rotinas nos dá uma sensação como de nascer novamente. Nos traz a energia de um jovem.

Ele levou 6 meses para mudar, mas porque teve a oportunidade de viajar ao país a trabalho ao longo dos meses. Ele ficava lá por uma semana, tempo mais do que suficiente para buscar informações e ter a certeza da escolha. Ele vive em Santa Cruz de la Sierra desde janeiro de 2015, com a esposa e o filho.

O pai foi um dos grandes incentivadores para o projeto profissional de Nathan. Nem todos os conhecidos pensaram o mesmo sobre a escolha do país, que não acham a Bolívia como um destino muito atrativo. “Tenho certeza que fiz a coisa certa e que as portas do mundo foram abertas. Agora é desbravar. Existe inúmeras oportunidades pelo mundo. É preciso abrir a mente.”

Em resumo, a fórmula bem simples para fazer o seu plano de viver no exterior dar certo tem 3 passos:

1. Junte bastante dinheiro, porque pode sair mais caro do que parece. Não conte com a sorte de que vá arranjar emprego logo cedo. Precaução é a palavra-chave;

2. Pesquise muito para ir melhor preparado e, não só em grupos no Facebook. Claudio Júnior diz que enquanto se preparava para partir, chegou a fazer uma lista de compras no mercado e já sabia até o preço que ia pagar por um pote de margarina, por exemplo;

3. Seja forte para enfrentar períodos de altos e baixos e que te farão repensar em tudo. “No mínimo vai ser uma experiência que vai mudar sua perspectiva de vida e, em parte, até o valor que você dá para várias coisas”, comenta Claudio.


Imagem via Visualhunt

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