Saiba por que os “cadeados do amor” não são tão bonitinhos assim

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Paris é a cidade dos apaixonados, onde os casais andam lado a lado ao longo do Sena e compartilham croissants em um parque com vista para a Torre Eiffel. A capital do amor há muito tempo convida os pombinhos a celebrar o relacionamento através de um passeio, um piquenique ou um museu, mas  há uma expressão de amor em Paris que é bem típica: os “cadeados do amor” presos nas grades das pontes, tão tradicionais que turistas acabaram aplicando a ideia em diversos outros países.

Essa tendência surgiu nos últimos anos principalmente entre os casais que passam férias em Paris. Funciona assim: compra-se um cadeado, escreve-se os nomes dos apaixonados, prende-se o objeto em uma ponte e joga-se a chave na água. A “brincadeira” consiste em ir embora com a esperança de, anos depois, encontrar o cadeado no mesmíssimo lugar.

Se você pensa que pouca gente realmente vai conseguir este feito (imagine: são mais de 30 milhões de turistas por ano), acertou. Em questão de semanas, o símbolo do amor é cortado e jogado fora. São considerados uma forma de vandalismo e uma grave ameaça à segurança das estruturas públicas, sem contar que algumas são históricas, como a famosa Pont des Arts, construída no século 19. Além disso, as chaves jogadas no rio são um ótimo exemplo de poluição ambiental.

Um cadeado típico pesa cerca de 55 gramas, o que não parece muito até que você multiplique esse peso por centenas e, às vezes, até milhares. Para seguir no mesmo exemplo, o alto fluxo de pedestres na Pont des Arts nem se compara ao peso que os 700 mil cadeados fazem recair sobre a estrutura: mais de 93 toneladas. Uma grade de metal chegou a entrar em colapso há cerca de dois anos, e as autoridades de Paris decidiram remover totalmente os pequenos objetos de amor presos à beira do Sena.

Como ervas daninhas, os cadeados logo voltaram e se multiplicaram. Para desencorajar os turistas, a cidade tentou de tudo, desde a colocação de placas os estimulando a comemorar o amor com uma simples selfie até instalar horríveis placas de madeira em frente às grades, o que fez a ponte perder todo seu charme. Nada deu certo. A melhor solução encontrada foi instalar painéis de vidro ao longo de toda a ponte. Assim, o governo de Paris a protegeu dos cadeados sem comprometer a beleza da Pont des Arts.

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Apesar de essa ponte ter sido salva, ainda há muitos pontos de referência nos arredores de Paris e no resto do mundo que estão sobrecarregados pelos “cadeados do amor”. E não é só o peso que pode causar problemas. De acordo com a ONG “No Love Locks – Free Your Love, Save Our Bridges” (Não aos cadeados – Liberte seu amor, salve nossas pontes), a ferrugem dos cadeados se espalha muito rápido e, por consequência, enfraquece a estrutura da ponte.

Tem ainda outra questão: a mania dos apaixonados em prender cadeados às pontes alimenta uma indústria de vendedores ambulantes e ilegais em torno de pontos turísticos. Já existe até uma empresa virtual que fabrica cadeados personalizados, marcados com os nomes do casal e enviados pelo Correio.

Usar um cadeado para selar seu amor com seu parceiro pode parecer romântico e digno de uma foto com muitas curtidas nas redes sociais. Mas o símbolo está destinado a ser coberto por outros milhares e, por fim, removido. São ruins para o ambiente e para a cidade.

Mas existem várias outras maneiras de você comemorar suas viagens de maneira romântica. Pode escolher um local e jurar voltar com seu/sua parceiro(a) em outro momento especial, fazer uma tatuagem e até mesmo a boa e velha fotografia, tão facilitada em tempos de tablets e smartphones.  Se está obcecado pela ideia dos cadeados, visite cidades em que há espaços publicos especificamente destinados para este fim, como Moscou (Rússia), que criou árvores de metal para ser preenchida pelos objetos, ou Toronto (Canadá), onde há uma grande instalação de ferro para preencher com os cadeados – e, veja só, forma a palavra “Love”.

Claro que a maioria dos turistas, ao decidir trancar um cadeado, tem boa intenção. Mas pense que essa tradição podem causar sérios danos às estruturas daquela que é considerada uma das mais bonitas do mundo – senão a mais. Portanto, antes de jogar a chave na água, pesquise sobre como aquela cidade recebe esse hábito. Em vez de pensar que o símbolo do seu amor vai acabar no lixo, procure um lugar onde ele será bem-vindo.


Imagem: VisualHunt
Fonte: SmarterTravel

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