Quem pensava em viajar ao exterior nesta época deve estar reconsiderando destinos alternativos pelo Brasil ou mesmo pela América do Sul. Tudo para fugir do sobrepreço do passeio por conta do dólar elevado. A expectativa para o fim do ano costuma ser de manter a alta por conta do aumento da procura pelo dólar turismo no período. Mas e no caso da viagem já marcada e paga, como fazer para arcar com as despesas nesta moeda?
Os efeitos do dólar afetam diferentes setores da nossa economia, que dependem direta ou indiretamente de produtos ou serviços importados. Os brasileiros que viajam também sentem no bolso a diferença do valor da moeda americana. Seja no preço das passagens aéreas, pacotes de cruzeiros, como também as despesas ao longo da viagem. Isso porque o dólar turismo acompanha as variações do dólar comercial.
O professor do curso de pós-graduação em Controladoria e Finanças do Senac, Roberto Kovacsik, explica que a decisão de quando comprar a moeda estrangeira depende do cenário econômico em que se vive. Ele citou o exemplo da crise financeira internacional, em 2008, quando o dólar estava em queda por conta da disponibilidade de crédito que o Brasil tinha. “Neste período, era oportuno adquirir a moeda estrangeira na véspera da viagem”. Ele conta que de lá para cá o processo de oscilação elevada do dólar fez com que a compra do mesmo pouco antes da viagem se tornasse um risco.
Para o último bimestre de 2015 e início de 2016, a perspectiva é de alta por conta do atual cenário econômico e político do Brasil.
Nesta situação, costumamos chamar o mercado de câmbio de “mercado nervoso”. Este cenário vale tanto para o dólar quanto para o euro, que acompanha a valorização da moeda americana.
Atenção ao mercado e às taxas
O que também marca a instabilidade das moedas são as notícias da economia, capazes de gerar expectativas entre investidores e diferentes mercados quanto ao futuro. Um exemplo recente foi a previsão de retração do Produto Interno Bruto (PIB) da China. “O fato reflete diretamente na queda das exportações de commodities brasileiras para o país, gerando menos divisa em moeda estrangeira e o aumento da taxa de câmbio”, comenta o professor. Por isso, ele sugere acompanhar o noticiário internacional para quem planeja a viagem e tenta driblar tais oscilações.
Mesmo que o tempo que reste antes da viagem seja curto, a dica é comprar em espécie aos poucos para evitar grandes perdas num mesmo dia. Kovacsik dá como opção fazer tais compras aproveitando o 13º salário. A viagem também pode ser feita com o cartão pré-pago, no qual se faz a recarga do dinheiro.
“Em caso de roubo, comparado à moeda em espécie, a vantagem desta modalidade é a sua segurança.”
Entretanto, a desvantagem está na cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que é de 6,38%. Em espécie a taxa é de 0,38%. Outra alternativa é utilizar o cartão de crédito, que não deixa o orçamento tão limitado, porém a taxa é de 6,36% e a cotação se dá no dia do vencimento da fatura.
O cartão de crédito foi a opção escolhida pelo servidor público João Paulo Alves da Rocha, para custear as despesas durante o cruzeiro planejado para passar sua lua-de-mel, em dezembro. “A liberação do cartão de crédito será a nossa salvação de fácil acesso, apesar dos impostos embutidos”, diz. Com a alta do dólar, ficou difícil planejar a compra da moeda para a viagem, onde calcula gastar no mínimo 300 reais a bordo. Rocha afirma que se a viagem fosse daqui a uns três meses ele se sujeitaria a comprar conforme a cotação de cada dia. “Nas próximas viagens que faremos, tanto em cruzeiros como internacionais, pretendo adquirir dólares. Procuraria me informar melhor quanto aos procedimentos, pois acredito que seja mais vantajoso”.
Economize onde puder
O professor do Senac aconselha pesquisar os preços das moedas em diversas casas de câmbio, já que com a instabilidade do mercado “podem praticar valores diferentes, de acordo com as necessidades delas.” Mas se mesmo assim a compra sair cara, o jeito é tentar economizar nos gastos durante a viagem, desde hospedagem, alimentação e serviços.
Com a instabilidade do mercado, o recomendável é planejar uma viagem internacional com um ano de antecedência, segundo Kovacsik. Se o turista quer comprar U$ 12 mil, o ideal é adquirir U$ 1 mil por mês. “Desta forma, é possível reduzir o risco da valorização da moeda estrangeira.”
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